Corpos Incómodos
Prostituiçom. Feminismo. Quarentena. Umha receita explosiva? Ou poderia unificar o feminismo?

Se as prostitutas trabalham, estám em risco de contrair o virus; se nom trabalham, estám em risco de ficar na rua. Há umha soluçom política que poderia unificar o feminismo.

Traballo sexual
Pegatinas de colectivos de traballadoras sexuais e de abolicionistas. Elena Martín
31 mar 2020 10:00

Estes dias, na nossa associaçom feminista, FEMforte, estivemos a falar de o facto de haver actualmente prostitutas independentes na província de Lugo oferecendo serviços na internet. Entre outras cousas, falamos da possibilidade de ligar para a polícia, para protegê-las. Mas temos que perguntar-nos, quando a capacidade coercitiva da polícia se limita a multas e encarceramento, o que significa “proteger”?

Corpos Incómodos
De excursión ao armario
“A cisapariencia non é máis que un parche mal posto polo que se segue a escapar a violencia, xa que só é posible arranxar este burato no sistema situando o feito trans como unha condición de igualdade.”
Estas mulheres que oferecem serviços por internet alugam por semana quartos em apartamentos, onde normalmente moram e trabalham, sem contrato. Se nom pagam, som expulsas. Em Madri, desde o começo da quarentena, já há muitas vivendo na rua. Em Euskadi, a associaçom Askadia, reporta que os seus albergues estám cheios e já nom podem aceitar mais nengumha mulher. Muitas delas têm crianças e apenas mantêm as suas famílias com o seu trabalho sexual. Se trabalham, estám em risco de contrair o vírus, se nom trabalham, estám em risco de ficar na rua. É um problema ruim: assim, se a polícia começa a mostrar interesse, estas mulheres que já estám na beira do abismo podem ser multadas por nom acatarem o estado de alarma; e se nom têm papéis, a polícia pode-lhes abrir expedientes de expulsom.

Dentro do feminismo há abolicionistas e há regulacionistas e também há-as que luitam polos direitos laborais das prostitutas; todas temos que trabalhar com factos concretos: necessidades reais e urgentes, vidas precárias. Sem entendermos a situaçom prática das mulheres afetadas, podemos divagar, mergulhando-nos em teorias abstratas longe do coraçom do feminismo. Nom é um tema policial, nom é um tema de “ordem pública”. É de cuidados. Estas mulheres precisam teito e comida porque essa é a única maneira de evitar que precisem trabalhar durante o estado de alarma. Nom há outra. Se alguém tiver recursos e quiser ajudar, que se ponha em contato com FEMforte.

Sem entendermos a situaçom prática das mulheres afetadas, podemos divagar, mergulhando-nos em teorias abstratas longe do coraçom do feminismo.

Nesta crise, desde o feminismo, era bom divulgarmos umha visom da sociedade baseada na empatia, nos cuidados, na solidariedade, na comunidade e na co-responsabilidade de todes. Estamos a ver uma militarizaçom da vida que nom representa os nossos valores e o feminismo tem que ter a coragem de erguer a voz e exigir outras respostas, outros mundos, outras possibilidades. Neste sentido, há umha soluçom política que poderia unificar todos os fios diversos e polarizados do feminismo: a renda básica universal.

Este deve ser a palavra de ordem incansável de todas as abolicionistas, porque é umha soluçom concreta e prática para libertar as mulheres que nom vem outra saída além da prostituiçom. Para abolir a prostituiçom é preciso exigirmos a criaçom das condições de possibilidade material para isto acontecer agora, já, neste intre. Sem umha renda básica universal, o abolicionismo só pode oferecer multas; e multas nom som soluções. Temos que transformar a situaçom para que todas as mulheres, todas, tenham teito e comida assegurados. Esta é também umha demanda que libertaria as mulheres que nom se divorciam em situações de abuso, por serem economicamente dependentes. Representa umha base para todas as mulheres, e todas as pessoas marginalizadas na nossa economia. De facto, esta é umha soluçom que poderia unificar o movimento feminista. Podes defender quer a aboliçom, quer os direitos laborais, quer os dous à vez, mas se partíssemos da base de que todas as mulheres precisam segurança económica, perderíamos o rancor que víamos nestes últimos meses dentro do feminismo. Por que, en vez de apoiar políticas que multam prostitutas, nom buscamos uma soluçom que lhes outorgue a possibilidade real de decidirem o que querem fazer?

A renda básica universal libertaria as mulheres que nom se divorciam em situações de abuso, por serem economicamente dependentes.

Chegamos à parte mais difícil. Para asegurarmos que estamos a falar de todas as mulheres, vai ser necessário reformar a “ley de extranjería”, porque há muitas prostitutas que vivem nas margens: som imigrantes e algumhas nom têm papéis. Assim, se nom luitamos em prol de todas, para quem luitamos? Todas as mulheres que vivem nos nossos territórios, todas as pessoas, deveriam estar incluídas. Se nom somos capazes de reconhecer que as nossas leis som racistas, que atualmente permitimos pessoas cair nas margens, quem somos? Justo nestes dias chegou a nova de que, perante a crise do coronavírus, Portugal vai regularizar todas as imigrantes sem papéis. Isto é a mostra de que as mudanças necessárias som possíveis; apenas falta vontade. O feminismo tem que ser de e para todas.

A renda básica universal é umha soluçom à crise económica que está a começar. Isto, sumado a uma moratória no pagamento dos alugueres (lembremos que xs proprietáries também receberiam esta renda), permitiria salvar muitas pessoas e também muitas pequenas empresas, autônomos, criadores de cultura, cuidadores… e prostitutas. Estamos perante um problema de escala enorme, mas hoje também podemos exigir a segurança de amanhã.

A renda básica universal deve ser a demanda de todos os feminismos porque é um passo cara à liberdade.

Informar de un error
Es necesario tener cuenta y acceder a ella para poder hacer envíos. Regístrate. Entra en tu cuenta.

Relacionadas

Opinión
Opinión Sobre la cancelación de Georgina Orellano en el Foro ESPAL 2025
La cancelación de Georgina redunda en esta incapacidad para escuchar a las trabajadoras sexuales y en el pánico que tienen de que se las escuche. Denota inmadurez política, cerrazón dialéctica y pacatería moral.
Argentina
Trabajo sexual AMMAR, el sindicato de referencia para las trabajadoras sexuales, cumple treinta años en Argentina
La Asociación de Mujeres Meretrices de la Argentina cumple tres décadas pidiendo derechos para las trabajadoras sexuales ante el abandono y la represión institucional.
Trabajo sexual
Anneke Necro “Es imposible hablar de porno sin analizar cómo hemos llegado hasta aquí en materia de placer”
Hablar de cómo se ha construido el deseo en nuestra cultura occidental es una de las motivaciones que Anneke Necro persigue en su primer texto, ‘Deseo disidente: las políticas del placer’.
Comunidad de Madrid
Instituto del Menor La Comunidad de Madrid arranca una hija a una mujer peruana que ha denunciado violencia de género
La madre afectada, Pamela L.C., considera que ha habido un componente racista en el arrancamiento. La mujer no obtuvo ninguna información sobre el paradero de su hija hasta la citación en el Instituto Madrileño del Menor una semana después del parto.
Almería
Medio ambiente La demolición del Algarrobico será “este mismo año”
El Gobierno ha publicado en el BOE el proceso de expropiación de la parcela. La ministra de Hacienda asegura que el derribo será “con o sin la colaboración de la Junta de Andalucía”.
León
Accidentes laborales Cuatro mil personas despiden en Villablino a los mineros muertos
Los sindicatos se concentran en Oviedo y exigen al Principado que se persone como acusación particular en el proceso penal. En 2023, un vecino alertó de las condiciones de inseguridad bajo las que operaba la mina.
Desempleo
Empleo El paro en mujeres marca un mínimo histórico desde 2008
El desempleo se ha reducido en 146.865 personas en los últimos 12 meses, de los que casi 79.000 son mujeres. La tasa de población activa femenina llega al 47%.

Últimas

Universidad
Educación El Gobierno anuncia el endurecimiento de la normativa para la creación de universidades privadas
El Consejo de Ministros aprueba la tramitación urgente de una modificación en la legislación que regula la creación de centros privados de enseñanzas universitarias.
Formación El Salto
Formación Masculinidades neoliberales: afectos de odio, cultura bro y extrema derecha
Abiertas las inscripciones para esta nueva propuesta de formación online, que abordará la relación entre el fortalecimiento de las derechas, el avance de un neoliberalismo desbocado y la aparición de culturas de género cada vez más conservadoras.
Estados Unidos
Estados Unidos Estudiantes de Columbia luchan contra las amenazas de deportación
Los estudiantes de Columbia se unen mientras el ICE y el Departamento de Policía de Nueva York (NYPD) atacan el activismo palestino. “[Columbia] está dispuesta a concederle al gobierno de Trump todo lo que quiera”, declara un estudiante a Mondoweiss.
Ecuador
Hacia el 13 de abril Acuerdo histórico de la izquierda y el movimiento indígena para la segunda vuelta de las elecciones en Ecuador
La alianza entre la Revolución Ciudadana y Pachakutik, el brazo político del movimiento indígena, no se producía desde 2006 y podría ser determinante para la victoria de la candidata correísta, Luisa González, en las elecciones del 13 de abril.
València
València La turistificación masiva asfixia los distritos valencianos de Camins al Grau y Algirós
El vecindario se organiza en una plataforma para luchar por el derecho a la vivienda en dos de los distritos con mayor presión turística de la capital del Turia.

Recomendadas

Asturias
Asturias Cinco muertos en la mina de Zarréu: demasiadas preguntas sin respuesta
El accidente más grave en la minería asturiana en casi tres décadas vuelve a poner en cuestión el sistema de permisos, controles y ayudas públicas para minas en proceso de reconversión.
Violencia obstétrica
Violencia obstétrica Helena Eyimi, matrona: “El parto es un misterio y queremos controlarlo todo, pero no podemos”
Consentimiento informado, trato personalizado y libertad de elección. Para Helena Eyimi (Madrid, 1975) , matrona asesora de Naciones Unidas, es fundamental que las mujeres se sitúen en el centro de las decisiones durante el parto y esos tres conceptos son clave.
Culturas
Culturas Lorca fue también un visionario que intuyó los vínculos entre la música negra y el flamenco
La 24ª edición del Festival de Flamenco de Nueva York abrió un espacio de debate para analizar el impacto que tuvo el movimiento cultural del Renacimiento de Harlem en la obra del poeta granadino.