tierra espacio
Imagen: NASA/JPL/UCSD/JSC

Energía
‘Gaia’, uma nova olhada ecosocial na educação

A inovadora publicação da FUHEM ultrapassa o actual paradigma educativo antropocéntrico.

Fronte aos atuais desafios derivados duma crise multidimensional que se agudiza de jeito alarmante em todos os âmbitos, a necessidade duma mudança integral das perspetivas educativas torna-se, mais do que nunca, uma urgência ineludível. Num contexto no que se require duma resposta cooperativa e solidária em todos os níveis de relacionamento, a nossa educação, modelada polos princípios do capitalismo, é um verdadeiro entrave que leva a que nos comportemos como uma enfermidade autoimune inoculada durante anos polo sistema institucional. Rachar com esse modelo educativo baseado no individualismo e a competitividade é uma tarefa que require duma mudança drástica do sistema, que deve partir do câmbio dos valores de base.

A fundação FUHEM leva décadas trabalhando para esse câmbio, promovendo a justiça social, a aprofundação da democracia e a sustentabilidade ambiental. Da sua experiência são fruto diversas publicações que constituem o extremo material dum trabalho moito mais amplo que é prova da simbiose entre a educação ecosocial, as metodologias ativas e a experiência pedagógica. Gaia. Una mirada ecosocial e interdisciplinar é uma destas inovadoras publicações, que pode constituir um apoio fundamental para ultrapassar o atual paradigma educativo, superando também o antropocentrismo e trocando-o pola compreensão da nossa existência como parte dum sistema moito mais complexo do que depende a nossa vida e a do resto de seres vivos que habitam a Terra.

Reformas educativas cada poucos anos são, na realidade, placebos que continuam a perpetuar um sistema baseado na falácia do “desenvolvimento sustentável”

O currículo oficial do atual sistema educativo é um compêndio de decisões impostas, em grande medida destinadas em última instância a justificar o marco institucional que o sustenta. Os marcos deste sistema educativo supõem verdadeiros obstáculos para o desenvolvimento de propostas educativas alternativas à oficial, bem como para desenvolver projetos que formulem mudanças profundas. Reformas educativas cada poucos anos pretendem alimentar a quimera de que a educação institucionalizada se adapta aos novos retos colocando-nos no chanço do que se dá em chamar sociedades avançadas. As supostas melhoras educativas disfarçam-se com teorizações e conceitos transversais como “educação para a paz”, “educação ambiental” ou “educação para a igualdade”. Na prática são reformas placebo que continuam a perpetuar um sistema baseado na falácia do “desenvolvimento sustentável”, atual eufemismo do capitalismo.

Conseguir um modelo capaz de superar as barreiras do currículo imposto é o desafio ao que se enfrontam a diário moitas educadoras. “Gaia” apresenta fórmulas para alcançar este modelo no marco do currículo institucional, convertendo as diferentes matérias escolares em instrumentos para acadar o seu objetivo mais ambicioso: encorajar às crianças e às educadoras a se tornarem motores da mudança para sociedades mais justas, verdadeiramente sustentáveis e democráticas. Trata-se duma proposta de revolução desde dentro do sistema, que bem pode dar coragem a todas as que acreditamos na necessidade de focalizar a educação numa visão não antropocêntrica da biosfera, onde as relações de equilíbrio e a auto-regulação são as que fazem possível a vida.

Esta publicação didática da FUHEM é uma proposta de revolução desde dentro do sistema que focaliza a educação numa visão não antropocêntrica da biosfera

A proposta educativa de Gaia assume a adquisição de conhecimentos como um processo de construção guiado pola formulação de perguntas e atividades que convidam à investigação, contraste de informações e diferentes achegas compartilhadas de forma cooperativa e democrática. Trata-se portanto, dum processo plenamente ativo com valor educativo em si próprio no que a consequência mais direta é a adquisição de conhecimentos significativos.

Apresentar um material que explora a Hipótese Gaia (James Lovelock e Lynn Margulis) ou a Teoria de Gaia Orgánica (Carlos de Castro), ideias em processo de discussão, pode resultar controvertido. Por esse motivo a equipa responsável da unidade didática, deixa esclarecido na introdução, que o objetivo da mesma é explorar estas formulações para refletir sobre as suas implicações, não assimila-las como certezas contrastadas. De facto, e tal e como explicam, durante todo o trabalho sempre se emprega o condicional quando fazem referências a Gaia. É este enfoque filosófico-ético sobre Gaia o que facilita em grande medida que o processo de construção de conhecimentos esteja acompanhado polo desenvolvimento de uma atitude crítica sobre o papel desenvolvido polos seres humanos dentro dos diferentes ecossistemas. Esse é o ponto no que a mudança dos valores de base pode germinar.

A flexibilidade da unidade didática permite grande variedade de possibilidades à hora de trabalhar com os materiais. Isto converte-a numa proposta realista por não estar condicionada nem limitada a contextos ótimos de sensibilização ou de disponibilidade de tempo. O projeto pode ser levado à prática de forma íntegra ou de maneira parcial dependendo das particulares circunstâncias que as docentes tenham no seu entorno educativo.

Todos os materiais que configuram a proposta constituem um banco de recursos educativos para além da educação regulada, podendo servir de importante apoio para todas aquelas entidades e pessoas do âmbito educativo. Por si própria, esta é já uma importante contribuição de Gaia para uma mudança de paradigma.

Sobre este blog
O Centro de Saberes para a Sustentabilidade (CSS) é un Regional Centre of Expertise on Education for Sustainable Development recoñecido oficialmente pola Universidade das Nacións Unidas. Ten como misión fundacional “informar, sensibilizar e implicar a comunidade educativa e a sociedade no seu conxunto na promoción da transformación social necesaria para o cumprimento dos Obxectivos de Desenvolvemento Sustentable a través de experiencias cos pés na terra que fomenten a conservación, a sustentabilidade, a protección ambiental e a resiliencia“. O goberno do CSS é horizontal e democrático a través dun Consello Reitor formado por representantes de todos os axentes participantes. Máis información: http://www.saberes.eu
Ver todas las entradas
Informar de un error
Es necesario tener cuenta y acceder a ella para poder hacer envíos. Regístrate. Entra en tu cuenta.

Relacionadas

Inteligencia artificial
IA Las otras víctimas de DeepSeek: energéticas y constructoras de centros de datos
El nuevo modelo de Inteligencia Artificial necesita menos consumo energético. Energéticas y gestoras de centros de datos también han sufrido caídas en bolsa.
Jaén
Andalucía Lopera no quiere que Greenalia especule con sus olivos
Decenas de pequeños olivareros de la Campiña Norte de Jaén podrían perder sus terrenos en beneficio de una empresa que quiere talar los árboles para instalar siete parques fotovoltaicos.
Sobre este blog
O Centro de Saberes para a Sustentabilidade (CSS) é un Regional Centre of Expertise on Education for Sustainable Development recoñecido oficialmente pola Universidade das Nacións Unidas. Ten como misión fundacional “informar, sensibilizar e implicar a comunidade educativa e a sociedade no seu conxunto na promoción da transformación social necesaria para o cumprimento dos Obxectivos de Desenvolvemento Sustentable a través de experiencias cos pés na terra que fomenten a conservación, a sustentabilidade, a protección ambiental e a resiliencia“. O goberno do CSS é horizontal e democrático a través dun Consello Reitor formado por representantes de todos os axentes participantes. Máis información: http://www.saberes.eu
Ver todas las entradas
Cine
Kamal Aljafari “Palestina está en la raíz de la situación actual del mundo”
Kamal Aljafari lleva toda su carrera trabajando con materiales de archivo, indagando en las imágenes e interviniendo en ellas para preservar memorias en desaparición y para oponerse al proyecto colonial sionista y su falseamiento del pasado.
Paterna
Paterna Vandalizan el muro de Paterna donde el franquismo fusiló a 2.238 personas
El paredón amaneció este viernes con grandes letras pintadas con spray negro donde se podía leer “Sagredo eres maricón y tarado”, en referencia al alcalde del municipio.
Opinión
Derecho a la vivienda Flex Living: el caballo de Troya de la precarización del alquiler
No es una respuesta moderna a las nuevas formas de habitar la ciudad. El ‘flex living’ no es más que la última jugada del sector inmobiliario y los grandes fondos de inversión para maximizar beneficios a costa del derecho a la vivienda.
Opinión
Opinión ¡Que vivan los aranceles!
Que Trump propugne aranceles no debe hacernos caer en la trampa de defender los intereses de los grandes oligopolios.

Últimas

Madrid
La burbuja del alquiler Sumar, Podemos y sindicatos de inquilinos presionan para convertir en indefinidos los contratos de alquiler
Sumar lanza una propuesta legislativa para transformar en indefinidos los contratos de alquiler, una de las principales demandas de la manifestación por la vivienda del 5 de abril. Una moción de Podemos, rechazada en el Congreso, pedía lo mismo.
Comunidad de Madrid
Movilización por la educación 23F: el día que una veintena de colectivos llenarán de verde Madrid para defender la educación pública
La comunidad educativa de todos los niveles en la enseñanza se prepara para una movilización que arrancará a las 12:00 horas desde Atocha hasta Sol, en la región que menos invierte en educación por estudiante.
Política
El Salto Radio Podcast | ¿Cancelar la cancelación?
Hablamos con Antonio Gómez Villar, a partir de su libro “Cancelar no es transformar” sobre malos entendidos y límites de esta acción política
Opinión
Opinión ¡Que vivan los aranceles!
Que Trump propugne aranceles no debe hacernos caer en la trampa de defender los intereses de los grandes oligopolios.
Galicia
Memoria histórica Cultura, exilio y lucha de las bibliotecarias gallegas durante la Segunda República
Durante los primeros años treinta, las bibliotecas se convirtieron en espacios de trabajo ideales para un modelo de mujer que aspiraba ser independiente y que había manifestado un claro compromiso político. La Guerra acabó con todas sus aspiraciones.
Comunidad de Madrid
Sanidad Pública Sindicatos piden el cese de la dirección del Hospital 12 de Octubre tras las obras de remodelación
Los problemas con las nuevas instalaciones han cristalizado en una unión sindical que ha reclamado formalmente el fin de la cúpula de dirección tras ser “ignorados” de manera “sistemática”.
Opinión
Opinión La unidad del anarcosindicalismo es la acción conjunta
Al hilo de supuestos movimientos desde la CGT hacia la unificación con CNT es necesario diferenciar entre lo que es una relación en clara mejora y lo que sería un proyecto real en marcha.

Recomendadas

Líbano
Ocupación israelí Israel incumple el acuerdo de paz y mantiene tropas en el sur de Líbano para “vigilar” a Hezbollah
El Ejército sostiene la ocupación de cinco colinas a lo largo de la frontera tras evacuar sus soldados de decenas de municipios. Miles de civiles regresan a sus casas para descubrir que lo han perdido todo.
Feminismos
Ana Bueriberi “El activismo tiene que ser colectivo: para contribuir al cambio es imprescindible despersonalizar la causa”
La periodista madrileña Ana Bueriberi reconoce que no sintió la discriminación hasta que llegó a la Universidad. Hoy, desde el proyecto Afrocolectiva reivindica una comunicación antirracista, afrofeminista y panafricanista.
Inteligencia artificial
Militarismo La máquina de los asesinatos en masa: Silicon Valley abraza la guerra
Las fantasías distópicas sobre los futuros usos de las máquinas en la guerra están más extendidas que el relato de lo que ya está pasando en los campos de batalla.